sexta-feira, 30 de maio de 2008

“Eu ia ao Jardim Botânico para quê? Só para olhar. Só para ver. Só para sentir. Só para viver”


(...) Então minha própria sede guiou-me. Eram 2 horas da tarde de verão. Interrompi meu trabalho, mudei rapidamente de roupa, desci, tomei um táxi que passava e disse ao chofer: vamos ao Jardim Botânico. "Que rua?", perguntou ele. "O senhor não está entendendo", expliquei-lhe, "não quero ir ao bairro e sim ao Jardim do bairro." Não sei por que olhou-me um instante com atenção.Deixei abertas as vidraças do carro, que corria muito, e eu já começara minha liberdade deixando que um vento fortíssimo me desalinhasse os cabelos e me batesse no rosto grato de olhos entrefechados de felicidade.Eu ia ao Jardim Botânico para quê? Só para olhar. Só para ver. Só para sentir. Só para viver. (...)


Esse é um trecho do conto “O Ato Gratuito” da escritora Clarice Lispector. Utilizei as palavras desta escritora maravilhosa, para falar de um dos lugares do Rio de Janeiro que é uma verdadeira obra de arte: o Jardim Botânico. Não posso deixar de me referir também ao que mais me impressionou nesse conto, uma nota que ela deixa no fim da página: “Nota da autora: peço licença para pedir à pessoa que tão bondosamente traduz meus textos em braile para os cegos que não traduza este. Não quero ferir os olhos que não vêem”. Com certeza foi uma das provas de humanidade mais bonitas que já vi, é de uma delicadeza sem precedentes. Já estou até considerando esse post com valor duplo (compre uma e leve duas dicas de arte), porque se existem muitos motivos para um passeio ao Jardim Botânico, existem outros mil para ler a obra de Clarice Lispector.
Ir ao Jardim Botânico é como ir a uma exposição de arte, porque o que se encontra lá é um pouco da arte mais refinada, da aura inviolável, pois os traços da natureza o homem jamais poderá reproduzir com perfeição. O jardim que foi criado em 1808 por D. João VI para aclimatar as mudas de espécies que vinham da Europa, além de toda sua beleza, promove estudos de vegetais das diversas regiões do país. Também é legal conferir os dois museus que há no parque, o Botânico, que possui um grande acervo de documentos sobre o assunto, e a Casa dos Pilões, antiga fábrica de pólvora que exibe escavações arqueológicas. Particularmente tenho predileção pelo orquidário, uma estufa que abriga a coleção de 3000 exemplares de cerca de 600 espécies diferentes de orquídea. Para você que ficou interessado, o lugar ainda oferece lanchonete, biblioteca e loja. E já que você vai estar ali perto, para completar o passeio, não deixe de ir ao Centro Tom Jobim - Cultura e Meio Ambiente. O lugar é uma homenagem a um dos grandes compositores da bossa nova e foi criado com a intenção de desenvolver atividades culturais, reunir artistas e ambientalistas. O visitante encontra um acervo com 28 álbuns do artista, 109 áudios caseiros com todas as variações originais, 78 documentos diversos, 804 fotos, 164 partituras e arranjos originais e muito mais.
Bom, feita a minha parte de mostrar o caminho, agora é com você. E se for ao Jardim ou ao Centro Tom Jobim, não esquece de passar aqui e deixar uma palavrinha.

Para mais informações:
Jardim Botânico: (21) 3874-1808 / 3874-1214
Centro Tom Jobim - Cultura e Meio Ambiente: (21) 2274-7012

2 comentários:

Futuros jornalistas disse...

Gostei das dicas, acabaram sendo 03 por 01, né? rs Agora, só espero o momento certo... Quem sabe no próximo fim de semana após as provas?

Maxsuel

Anônimo disse...

Eu diria que o texto foi como um copo de suco gelado em um dia de 40 graus... na medida!
Gostei muito e o bacana é que a 1ª vez que fui você estava presente...!
Excelente irmã!
Bjks e Parabéns!